Parte 4ª
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Magnifico cenário da Praia Grande.
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Durante os 9 dias que visitei Macau, dormi que nem um justo. Por norma deitava-me às 10 da noite, depois de ouvir o amigo Cambeta a descrever sua vida desde "pequenino" e um contador de história, na varanda de onde se avistam as luzes, a espelhar na água da Praia Grande. Macau pela noite não se pode dizer que seja uma ilha barulhenta. O trânsito automóvel e das "motoretas" escasseia a partir das 10 da noite. Porém os mais de uma meia centena casinos funcionam as 24 horas dos ponteiros do relógio. A pino da cama por volta das seis horas da manhã.
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Foto da esquerda a residência do Cônsul de Portugal em Macau. Foto do lado direito o antigo Hotel da Bela Vista, adquirido pelo Governo Português, antes de entregar Macau à China. Segundo me informaram está vazio. Espero que o Governo Português o não venda no futuro...!!!
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O edifício vale o peso de oiro! Vou junto com casal Cambeta tomar o pequeno almoço a um simpático restaurante, a portas de seu apartamento. Mas antes de seguir, para a primeira refeição do dia vou à varanda tomar ar puro matinal. Olho para o aglomerado de apartamentos à entrada da Ilha da Taipa, a baia da Praia Grande onde jovens treinam remando canoas, a enorme Torre de Macau, com 300 e mais metros de altura. Ao lado direito está a residência do representante de Portugal em Macau. No seguimento está o velho Hotel Bela Vista. Dormi neste hotel há muitos anos, cujo proprietário era o macaense Pinto Marques, um homem de idade quando o conheci, franco conversador e colocava uma garrafa de uisque em cima de sua mesa para oferecer aos seus hóspedes. Pinto Marques partiu para o céu porque homens como estes não têm lugar no inferno. Sempre tive grande admiração pelos macaenses e tenho amigos que jáo vejo há muito. Esta gente é inteligente e óptimos serviço prestaram à Tailandia de quando a cidade de Banguecoque se formou a partir de meados do século XIX como interpretes da Corte ou empresas estrangeiras como conhecedores da língua portuguesa,inglesa e tailandesa.


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O amigo António Cambeta despede-se da esposa Dr.ª Maria de Lourdes depois de tomarem o pequeno almoço. À direita o mais antigo vendedor, de banca de passeio, da avenida Almeida Ribeiro. O homem é idoso, não tanto, como as ruínas de S.Paulo, mas segundo me informou o meu cicerone e amigo Cambeta deve rondar ou passar as 90 primaveras. O velho vendedor vai governando a vida a vender cigarros e mais outras bugigangadas. Claro que este velho também tem o direito aos privilégios dos idosos de Macau, com descontos nos autocarros, assistência médica e medicamentos de "borla" e para completar os benefícios uns milhares de "patacas", anuais, concedidas pelo Governo de Macau que bem podem ir além das 6 mil.
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.Eu e o amigo Cambeta depois da Avenida Almeida Ribeiro estamos no "ex-libris" de Macau antigo a praça do Leal Senado. O ponto, obrigatório, de passagem e inserido, o espaço, como Património Mundial, pela UNESCO. As casas que circundam o Largo do Leal não receberam e nem podem qualquer modificação. As frontarias muito bem cuidadas e o piso do largo a tradicional calçada portuguesa, a configurarem as ondas do mar. Aquele largo, me era familiar desde 1982 e em 1987, havia na esquina da Almeida Ribeira, uma mercearia (despareceu) onde a caixa registadora era operada por uma simpática e bonita "chinezinha" com quem me agradava trocar dois dedos de conversa... Nunca um homem e eu, igualmente, quando encontramos a mulher da nossa vida já estamos amarrados e de rédea curta...!!!
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.António Cambeta é conhecido em Macau, como o doce da Teixrira em Portugal. Durante as nossas caminhadas, pela cidade, periódicamente encontrava-se com velhos amigos e colegas.
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O amigo Cambeta é a história, comtemporanea, viva de Macau. Fala chinês perfeitamente e lê-o!!! No seu cérebro, segundo me informou, moram 3.500 caracteres chineses! Portanto caminhar pelas ruas da cidade de Santo Nome de Deus, com ele não há problemas...Um verdadeiro guia turístico com conhecimentos de 4 línguas: portuguesa, chinesa,tailandesa e inglesa. Ora o amigo Cambeta durante a sua constante vivência, em Macau, criou amigos e não se livrou de ter ainda em carteira certos inimigos e outros "filhos da mãe" de quando prestou serviço na Polícia Marítima e de Fiscalização, em importantes postos, nunca se ter acomodado com a "corrupção" das alfândegas. O amigo Cambeta, reformou-se, o território passou para a China e não teve de "cavar" a bater com os calcanhares no "traseiro" para a sua Évora no Alentejo como outros o fizeram. Movimenta-se livremente por Macau...!!!
Viajar a Macau e permanecer na ilha é uma experiência interessante e especial para os fotógrafos, profissionais e amadores. Poder-se-ão ali obter instantaneos de turistas ou mesmo dos residentes.Motivos não faltam de movimentação e acção de pessoas. Quando passamos o largo do Leal Senado e caminhamos para o Largo de S.Domingos e depois para a comercial Rua das Mariazinhas, ainda o movimento de pessoas era escasso. Alguns estabelecimentos comerciais se quedavam encerrados e, também, a Livraria Portuguesa. Subimos depois uma ruela em direcção às Ruínas de S.Paulo.
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.Foto da esquerda: um estabelecimento comercial tailandês "Nakaya" que vende carteiras e mais outros produtos produzidos na Tailândia. Além de esta e creio outras lojas existem vários restaurantes de culinária. Na subida de outra rua e as Ruínas da Igreja S. Paulo à vista, há lojas chinesas de venda de carne seca, bolos de amêndoa e até pasteis de nata portugueses. Os chineses vindos da China mãe carregam sacos e mais sacos de bolos de amêndoa para levar de regresso às suas orígens.


.Três raparigas, na ladeira que leva às Ruínas de S.Paulo, divertem-se para a fotografia. Foto do lado direito o Monumento à Amizade Luso-Chinesa.
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O rodopio de pessoas, ainda pela manhã, a subir e a descer as escadas da Ruínas de S.Paulo.O espaço lateral do lado direito muito bem cuidado.
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Uma janela bonita, da arquitectura colonial portuguesa ao lado direito do caminho para as ruínas de um edifício público. Ficou tudo e conservado, em Macau, depois da administração portuguesa.


.No caminhar matinal, passei em frente do Consulado de Portugal em Macau. Bonito...Só feia a placa do AICEP Portugal Global, que foi árvore que nunca deu patacas e tem servido de asilo a "boys", protegidos, que nunca souberam o que era vergar a "mola" e fazer algo de bom para o comércio externo de Portugal. O inventor desta "merda" foi o embaixador Martins da Cruz, então ministro dos Estrangeiros do Durão Barroso. O da Cruz foi exonerado por indecente e má figura. O Barroso, oportunista de um raio, raspou-se para Bruxelas e por lá anda a fazer "merda" e a ganhar a vidinha. É pau para toda a colher!
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Uma mania que tenho de visitar os cemitérios e o de S.Miguel Arcanjo em Macau não foi excepção... Os cemitérios estão cheios de história morta e viva no presente. Encontrei certa relutância no meu amigo e cicerone António Cambeta para ali entrar. Eu sei que contra a vontade entrou o portão comigo. Ninguém, é certo, entrar nestes espaços de repouso eterno é-lhe salutar. A minha apetência pela investigação histórica leva-me a perder o receio, porque até entendo que um "gajo" com a minha idade e 75 anos já no pelo, que mais dia menos dia está na companhia dos pés juntos... Sou realista e que se lixe a morte se o cemitério está juncado de flores... Informa-me o meu amigo Cambeta que em tempos a sepultura do poeta Camilo Pessanha estava por lá abandonada...Não demos pelo o local. Gostaria de lhe prestar homenagem porque mesmo opiómano e depois desprezadinho em Macau merece todo o meu respeito. Mas lá estão, eregidos, os homens bons da Pátria, esculpidos em boa mármore e por artistas cinzeladores. Não tomei nota dos nomes daqueles valores e das vaidades, fúnebres, da família que encomendaram as estátuas. Porra para as basófias mundanas... até na morte há vaidades...
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Saimos do cemitério de S.Miguel Arcanjo, descemos a inclinada rua e dirigimo-nos para o jardim do Vasco da Gama, pelo caminho fomos encontrar belas construções, que os portugueses deixaram em Macau. O meu amigo Cambeta, agora, quer mostrar-me a Igreja de S.Lazaro onde se casou com a jovem e bonita, chinesa, Maria de Lourdes,há uns 42 anos. Tinha me dito, dias antes, a "minha mulher é uma santa"...!!! Sem nos aprofundarmos, por agora na matéria, podemos afirma que a Drª Maria de Lourdes é mesmo isso...!!! Não há esposas más...maridos sim!
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.Estamos,agora na Praça de Vasco da Gama. Muito bem cuidado e numa estátua o nosso Gama cantado nos Lusíadas por Camões. O jardim que circundeia a estátua do homem que descobriu o Caminho Marítimo para a Índia, está decorado com flores conhecidas pelo "Beijo da Mulata" e por todo o território moçambicano brotam. Mau gosto... O Gama quando navegou pela costa de moçambicana não não existia a mulher mulata... Viria depois e fruto da fixação de homens portugueses
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O amigo Cambeta quando saíu de casa levou um recado, da esposa, a cumprir... Comprar frutos, papaia, para o meu jantar. A papaia é a minha ceia há muitos anos na Tailândia... sou um aditivo a esta fruta e sem ela não durmo o sono dos anjos. É milagrosa para o funcionamento da tripalhada. A papaia tem propriedades terapêuticas e dela já falaram os nossos navegantes. Macau tem muitas lojas de venda de frutos e da .melhor qualidade, a preços convidativos e a cessível a todas as bolsas.
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.Ao fim da tarde eu e o amigo Cambeta fomos parar ao Jardim de Camões que como em outros lugares de Macau não tinha, antes, colocado os pés. O jardim é aprazível e bem arborizado. Os reformados passam por ali o dia ou fazendo exercícios, ouvindo música e outros levam as sua gaiolas com os passarinhos para chilreio ao ar livre.
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O jardim preserva a memória do nosso maior poeta, que teria, segundo a lenda vivido numa gruta. Não me acredito o Camões viver entre dois enormes penedos, mas ter usado a gruta para os seus deleites e escapadas amorosas. O Camões cantou os seus amores femininos e teriam, eles, sido as musas inspiradoras dos seus poemas. Todos os poetas são fracos no amar... E o meu amigo poeta António Cambeta não se desviou dessa regra.
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Luis de Camões, o pobre nos bens materiais mas feliz nos amores está erigido entre duas enormes pedras, em Macau. Vai ficar por lá até sempre. A China respeitou os valores históricos deixados pelos portugueses em Macau. Em Portugal o Luis de Camões deu o nome, bonito, ao Instituto Camões que depois do pobre Camões passar " as passas das ondas", naufragado na foz do Rio Mekong foi preso ao chegar a Lisboa, do Oriente, apetece-me mandar certa gente, da cultura, para o Camões.
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Poemas imortais de Luis de Camões estão mesmo em frente da Gruta onde está, ele, fundido no bronze e imortalizado.
E para a geração dos "capados" lusos aqui deixo o canto primeiro de Camões:
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"As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçadas
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram