À MARGEM: Os meus ex-colegas da Suiça e as misérias porque estão passando, vêm-me à memória as minhas de quando a trabalhar que nem um burro de carga, na Embaixada de Portugal em Banguecoque a ganhar, mensalmente 2.500 bates (uns 15 contos portugueses e mais 200 bahts ( cerca de 1.200$00) que a mulher que limpava o pó na chancelaria.
Porém eu como dactilógrafo do chefe de missão, parte do meu serviço de bater as teclas da máquina era em cima da violação dos direitos humanos, em Timor-leste, Cambodja e Vietname de quando um representante do país, Portugal, violava os meus. E quando dei o lamiré de roubos na missão, caiu-me o Carmo e a Trindade em cima de mim... e tentaram arrumar-me definitivamente. Felizmente não o conseguiram! Estou vivo! - José Martins
Em baixo do jornal suiço www.swissinfo.ch
Casos concretos
O cartaz em mãos apresentava uma mensagem curta: "SOS, fome, miséria e desespero", escrito em francês. Alexandrina Farinha, empunhava-o erguido para que os pedestres na praça frente ao Parlamento federal em Berna pudessem ler claramente. Alguns até perguntavam o significado.
.
.
"O fato é que eu estou ganhando hoje em dia pouco mais de três mil francos e só de aluguel já pago 2.135 para viver em Genebra", explica a portuguesa de 51 anos. Ela chegou à Suíça em 1993 para trabalhar no Consulado de Portugal da cidade de Calvino, mas na época as condições eram relativamente melhores. "Meu salário era de cinco mil francos."
.
A renda, já relativamente limitada pelo tradicional alto custo de vida na maior cidade da Suíça francesa, caiu frente à forte valorização do franco em relação ao euro - a moeda de cálculo dos salários de funcionários consulares portugueses. O resultado para Alexandrina é que ela passou a ter dificuldades para administrar as contas da família. Divorciada e mãe de duas filhas, que há pouco começaram a estudar, ela não apenas foi obrigada a cortar os luxos desnecessários como lazer e viagens. "Minhas filhas tiveram de abandonar as escolhas profissionais que almejavam para ir a escolas mais baratas", explica.
A renda, já relativamente limitada pelo tradicional alto custo de vida na maior cidade da Suíça francesa, caiu frente à forte valorização do franco em relação ao euro - a moeda de cálculo dos salários de funcionários consulares portugueses. O resultado para Alexandrina é que ela passou a ter dificuldades para administrar as contas da família. Divorciada e mãe de duas filhas, que há pouco começaram a estudar, ela não apenas foi obrigada a cortar os luxos desnecessários como lazer e viagens. "Minhas filhas tiveram de abandonar as escolhas profissionais que almejavam para ir a escolas mais baratas", explica.
.
Um agravante para sua situação é o fato de ser funcionária consular. "Pelo fato de ter um contrato português e não pagar meus impostos na Suíça, não tenho direito a diversas prestações sociais oferecidas aos cidadãos desse país como ajuda para pagar o aluguel ou o seguro de saúde". A sua única esperança é que o governo português se sensibilize com o problema das pessoas que vivem a sua situação. "Não sei o que será de nós se isso não ocorrer."
Um agravante para sua situação é o fato de ser funcionária consular. "Pelo fato de ter um contrato português e não pagar meus impostos na Suíça, não tenho direito a diversas prestações sociais oferecidas aos cidadãos desse país como ajuda para pagar o aluguel ou o seguro de saúde". A sua única esperança é que o governo português se sensibilize com o problema das pessoas que vivem a sua situação. "Não sei o que será de nós se isso não ocorrer."
Já para Carlos Almeida, 73, a situação é diferente. Ele não participa da greve dos funcionários consulares portugueses, pois já está aposentado. O professor e jornalista vive na Suíça desde 1998 e atua hoje em dia como voluntário na Entrelaçar, uma associação de apoio às comunidades de língua portuguesa sediada em Lausanne.
.
Porém, graças aos seus contatos com a comunidade portuguesa e também os trabalhos voluntários que realiza, sobretudo na área educacional, ele se sente obrigado a participar dos protestos em Berna. "Na Suíça temos 150 professores de língua portuguesa. Só no Consulado de Genebra temos sete mil alunos. Os salários atualmente estão tão baixos que muitos dos professores estão sendo obrigados a fazer trabalhos domésticos", conta.
Porém, graças aos seus contatos com a comunidade portuguesa e também os trabalhos voluntários que realiza, sobretudo na área educacional, ele se sente obrigado a participar dos protestos em Berna. "Na Suíça temos 150 professores de língua portuguesa. Só no Consulado de Genebra temos sete mil alunos. Os salários atualmente estão tão baixos que muitos dos professores estão sendo obrigados a fazer trabalhos domésticos", conta.
Greve vai terminar
Marco Martins, delegado do Sindicato dos Funcionários Consulares e das Missões Diplomáticas, afirma que “perante os gritos de desespero, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, mantém-se numa atitude de completa apatia, num silêncio absoluto, na esperança de que o turbilhão na Suíça passe e a sua responsabilidade no problema se dissipe numa desmobilização do pessoal em greve, provocada pelo medo e pelo cansaço”. (Ouça o áudio na coluna à direita)
Marco Martins acrescenta que “sairemos da greve com cabeça levantada. Nossos pedidos não foram atendidos, mas não podemos continuar a prejudicar a comunidade portuguesa residente na Suíça. Vamos aguardar a decisão do comitê de nosso sindicato e segunda-feira teremos uma solução se mantemos ou não a greve”.
Claudinê Gonçalves e Alexander Thoele, swissinfo.ch